O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) voltará ao Rio Grande do Norte entre os dias 12, 13 e 14 de junho. Na programação, o maior líder popular do país agradecerá aos profissionais de saúde que lhe atenderam no Estado e participará do projeto Rota 22, em Seminário que será realizado em Mossoró, região Oeste.
Além disso, Bolsonaro também terá um encontro com digitais influencers, conhecerá a engorda de Ponta Negra – que foi construída com recursos liberados em sua gestão -, e visitará a Barragem de Oiticica, que teve a maior parte das suas obras concluídas também na gestão do ex-presidente. Confira abaixo a programação completa.
ROTA 22 PL RN – PRESIDENTE BOLSONARO NO RN
Dia 12/06 11h – Chegada no Aeroporto de São Gonçalo do Amarante
12h – Almoço com digital influencers
14h30 – Entrega de títulos de cidadania natalense e norte-rio-grandense Local: Câmara Municipal
16h – Engorda de Ponta Negra Local: Próximo ao Morro do Careca
Dia 13/06 7h – Visita ao Hospital Rio Grande
9h30 – Tangará
10h30 – Santa Cruz: Visita ao Hospital Municipal e ao Santuário de Santa Rita de Cássia
13h – Acari: Visita a Cidade da Moda
15h – Jucurutu: Barragem de Oiticica
19h – Mossoró Cidade Junina
Dia 14/06 7h – Visita ao Anel Viário e entrega de título de Cidadão Mossoroense
A apreensão aconteceu à época porque, segundo o instituto, o animal estaria sendo exibido indevidamente nas redes sociais e criado em condições inadequadas.
Para o Ibama, ele “adquiriu seguidores expondo sistematicamente a fauna silvestre em seus perfis de forma irregular, sem licença ambiental para a atividade.”
Tupinambá abriu um processo em que requereu a guarda da capivara, e ganhou. Filó continua com ele até hoje.
O juiz disse, na decisão, que o animal “vive em perfeita e respeitosa simbiose com a floresta” e que “não é a Filó que mora na casa de Agenor, é o autor (Agenor) que vive na floresta.”
Advogados do influenciador apresentaram a tese de que ele “jamais buscou a fama”, que “seus seguidores foram chegando aos poucos” e que a explosão de seguidores teria ocorrido depois de um vídeo viral com Filó, “gerando o efeito natural de ganhos de seguidores e engajamentos.”
O caso catapultou Agenor para além das próprias redes sociais: deu entrevistas a programas de TV e chegou até a ter sua vida amorosa retratada em um texto na revista Caras.
Houve até mesmo a apresentação de um projeto de lei no ano passado, na Câmara dos Deputados, batizado com seu nome, que descriminaliza a posse e criação de animais silvestres não ameaçados de extinção. O projeto aguarda votação na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Passados dois anos desde o episódio, Agenor Tupinambá alcançou a marca de 1,7 milhão de seguidores no Instagram e outros 1,8 milhão no TikTok, mais do que o dobro do número que tinha sido anotado na multa lavrada pelo Ibama, em 2023.
Quem visita a página dele hoje verá mais do que fotos com a capivara ou de sua vida privada.
Tupinambá trancou o curso de graduação em agronomia, se mudou para um sítio no interior do Amazonas e passou a trabalhar somente com internet. Levou Filó junto.
O influenciador diz que faz hoje publicidade de empresas locais e também que assinou contrato anual com um site de apostas.
Ao lado da publicidade mais recente está outra foto, também destacada no feed, de Tupinambá e Filó, com o título “#tbt para matar a saudade de vcs”. Ele afirma, no entanto, que não faz qualquer uso da capivara diretamente nos anúncios.
“Nunca ganhei nada em cima dela, do que eu postava com ela. Depois, meses depois que tudo aconteceu, foi aí que comecei a trabalhar com a internet”, disse.
Agenor Tupinambá diz que vive hoje com trabalhos na internet
‘Mensagem equivocada’ para a sociedade
O desfecho do caso da capivara Filó virou uma “mensagem equivocada” para o a sociedade e com repercussão até hoje nas redes sociais, nas palavras de um servidor do Ibama.
A cada nova apreensão de animal silvestre divulgada nas redes são centenas de comentários negativos recebidos.
São situações que envolvem, em geral, outros influenciadores digitais, que divulgam imagens de animais criados como pets, de forma considerada inadequada pelas autoridades.
Segundo a instituição, muitos lucram com essa exposição indevida.
Um levantamento feito pela BBC News Brasil identificou ao menos 175 autos de infração do Ibama que citam nomes de redes sociais na descrição da multa e a exploração da imagem de animais silvestres. Metade foi lavrada nos últimos cinco anos.
Um dispositivo legal de 2008 respalda as ações do órgão: segundo o decreto, é infração ambiental “explorar ou fazer uso comercial de imagem de animal silvestre mantido irregularmente em cativeiro ou em situação de abuso ou maus-tratos”, o que pode levar a multas de até R$ 500 mil.
Macaco-prego é alvo constante de tráfico de animais silvestres
‘Isso gera curtida’
Para Bruno Campos Ramos, agente ambiental federal e chefe-substituto do Núcleo de Fiscalização da Fauna da Diretoria de Proteção Ambiental do Ibama, as redes sociais se tornaram uma nova fonte de lucro para fomentar o tráfico de animais.
“Quando algum desses influenciadores que tem animal silvestres faz sucesso, a gente até vê a alegria dos traficantes. É como se um artista estivesse divulgando um tênis, um carro. As pessoas assistem e querem ter um também”, diz.
Ele lembrou de um episódio, também de repercussão nacional, em que a modelo e apresentadora Nicole Bahls, que tem quase 30 milhões de seguidores no Instagram, teve filhotes de macaco-prego apreendidos pelo Ibama depois de tê-los exibido nas redes sociais.
As autoridades descobriram, à época, que os documentos que comprovariam a legalidade dos animais eram falsos. O caso desencadeou depois uma operação sobre tráfico de animais silvestres no Rio.
“É uma cadeia em que várias pessoas ganham dinheiro. Tem o advogado, que entra na Justiça nas situações em que apreendemos os animais para conseguir devolução. Tem o influenciador, que ganha repercussão na internet e depois começa com patrocínio de bet [aposta] e monetização de views e curtidas”, diz.
“Naquela época nós apreendemos muitos primatas. Ela [a modelo] teve a consciência de ir às redes sociais e falar que o Ibama fazia um trabalho excelente, coisa que nem sempre todo mundo faz.”
Bahls chegou a dizer, em entrevista à TV Globo, que “não tinha consciência” de que o documento era falsificado.
“A maior lição que eu tive sobre animal silvestre, eu acho que mesmo sendo legalizado, não é legal. Porque incentiva e causa morte e muita dor no meio desses animais”, disse.
Ramos, do Ibama, avalia que há uma incompreensão da sociedade sobre a ação do instituto.
“Recebemos uma crítica muito exacerbada. As pessoas acham que entendem do assunto. Esses não são animais para serem criados como pet.”
Jaguatirica ‘Pituca’: servidores recebem ameaças
Ibama diz que jaguatirica que estava com influenciadora apresentava quadro de desnutrição
Outro exemplo do cabo de guerra entre o Ibama e parte da opinião pública aconteceu em abril deste ano, quando a instituição apreendeu uma jaguatirica no interior do Pará, apelidada de Pituca.
O próprio Ibama divulgou vídeo no Instagram sobre o caso.
Com música ao fundo, uma porta-voz da instituição, Juliana Junqueira, diz que o animal tinha deficiência nutricional crônica, que a pelagem estava sem brilho e com lesões.
“A pessoa que se apossou do animal o exibia nas redes sociais como se tudo estivesse bem, mas a realidade era outra”, escreveu o Ibama na publicação.
“Isso é maus tratos! Isso é tortura! Não curta histórias de animais silvestres nas redes. Atrás de um vídeo bonitinho existe uma história triste de maus-tratos”, diz a instituição.
Em resposta, um dos primeiros comentários em destaque era de que “em momento algum” o animal era maltratado e que a jaguatirica “vivia solta e feliz com a sua dona”.
Outra resposta em letras maiúsculas reafirma que o animal “vivia livre na fazenda, sumia nas matas e voltava quando queria. Agora ela está definhando em uma jaula no Ibama. Quem é que está causando maus tratos?”, escreveu a usuária.
A jaguatirica chegou a um Centro de Triagem de Animais Silvestres, em abril, com o objetivo de, quando possível, ser reintroduzida à natureza “de forma segura”, segundo o Ibama.
Os comentários negativos foram além das redes sociais. A BBC News Brasil teve acesso a uma ameaça por escrito, enviada a servidores do Ibama no Pará.
Um servidor contou à reportagem, sob condição de anonimato, que após a repercussão do caso nas redes houve uma “onda contínua de repúdio às ações do Ibama” e “ameaças de agressão física”, inclusive nas páginas pessoais dos servidores.
“As pessoas têm relação tão grande com esses influencers que se acham amigos dessas pessoas. É um negócio calçado na emoção, não na razão”, disse.
Ele disse que o órgão encaminhou as ameaças para investigação da Polícia Federal.
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Alerta: A BBC não se responsabiliza pelo conteúdo de sites externos
‘Ela não está sendo maltratada’
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A jaguatirica estava em posse de Luciene Candido, que se apresenta nas redes sociais como Luh da Roça. Ela tem mais de 200 mil seguidores no Instagram e quase 500 mil no Facebook.
Pituca era exibida em vídeos ao lado de outros animais e bebendo em uma mamadeira. Algumas publicações chegaram a quase 1 milhão de visualizações.
Em um dos vídeos publicados antes da apreensão, a influenciadora alegou que o animal podia se movimentar como quisesse na fazenda em que vive e que, caso fosse solta na natureza, não sobreviveria.
“Pessoal fica marcando autoridade nos meus vídeos, realmente eu não entendo. Ela não está sendo maltratada, não está passando fome, não vive em apartamento”, disse.
“Acho que o desejo deles [que denunciam] é autoridade vir, recolher ela, levar para um cativeiro e aí depois de um certo tempo, ‘ah, ela treinou, está pronta para ir para o habitat dela’. Aí chega no habitat dela simplesmente ela vai e morre. Possibilidade dela viver aqui em casa é de 20 anos. Lá no habitat dela, é 10. Quem fica questionando, criticando, nem sabe disso.”
O analista ambiental do Ibama Roberto Cabral diz que há uma incompreensão sobre o que acontece após o resgate dos animais.
“Os centros de triagem [para onde os animais vão depois de apreendidos] não são o destino final do animal. É lá que eles serão recuperados, onde se faz uma reabilitação. É como se fosse um hospital. Transitório, para preparar o animal para viver em liberdade.”
A jaguatirica foi encaminhada ao Centro de Triagem de Animais Silvestres, o Cetas. O instituto diz que o animal tinha problemas na pelagem e parasitas, “com destaque para infestação por bicho-de-pé nas patas” e “perda dos caninos do lado esquerdo.”
Ela admitiu, em um vídeo após a apreensão, saber que não tinha autorização para ficar com o animal.
“Estou agoniada, estou nervosa, estou triste. Infelizmente para quem estava torcendo contra, marcando as autoridades para vir busca a Pituca, vieram”, lamentou ela em uma publicação após a apreensão.
“Tá certo que eu não tenho autorização, mas eu salvei a vida dela. Eu não fui na natureza caçar ela pra levar pra casa.”
Candido também passou a divulgar uma série de vídeos críticos à apreensão, inclusive com uso de inteligência artificial, com ilustrações de autoridades prendendo o animal em uma jaula.
A reportagem fez diversas tentativas de entrevista com Luciene Candido por suas redes sociais, mas não obteve resposta. O espaço segue à disposição.
A Meta informou, em nota, que não permite “conteúdos que coordenem, ameacem, apoiem ou admitam atos que causem danos físicos contra animais, e removemos tais conteúdos quando tomamos conhecimento deles em nossas plataformas.”
Disse ainda: “Estamos sempre aprimorando esforços para manter as nossas plataformas seguras e também incentivamos as pessoas a denunciarem conteúdos e contas que acreditem violar nossas políticas através das ferramentas disponíveis dentro dos próprios aplicativos”.
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Youtube: visualizações e lucro milionário
‘Monkey bathing’: pesquisadores coletaram dados de cerca de 400 vídeos no Youtube, de 39 países, relacionados a animais silvestres
Um artigo científico publicado em 2023 na revista Biological Conservation analisou o fenômeno crescente do uso de animais silvestres nas redes sociais – e o consequente lucro para os criadores de conteúdo.
A pesquisa foi publicada em 2023 e assinada por Antônio F. Carvalho, Igor O. Morais e Thamyrys B. Souza.
Foram analisados cerca de 400 vídeos no Youtube, de 39 países. Os números mostram o grande interesse por esse tipo de conteúdo: somados, os vídeos tiveram quase 1 bilhão de visualizações e 8,5 milhões de curtidas.
Ao menos 114 vídeos foram monetizados por 155 anunciantes, e a média de lucro foi de US$ 10 mil dólares (cerca de R$ 56 mil). Crianças participaram de 61 produções.
Entre os vídeos identificados havia exemplos de crueldade explícita com animais.
No caso do Brasil, no entanto, os maus-tratos aparecem de forma mais ‘velada’, avalia o especialista em combate ao tráfico de animais silvestres da Wildlife Conservation Society (WCS) Brasil, Antonio Carvalho.
“Vimos muitos vídeos de animais na fila de matadouro e gente que comemora isso. No Brasil o que viraliza mais são vídeos de animais fofinhos, que aparentemente não demonstram algum tipo de crueldade. O caso da capivara Filó e da jaguatirica são as cerejas do bolo do que o brasileiro gosta de ver.”
Para o especialista, o primeiro dano causado por esse tipo de conteúdo é o incentivo ao tráfico de animais silvestres. “Se o influencer está ficando famoso, indo para a televisão, quem assiste pensa em fazer a mesma coisa. Consequententemente, muitos outros animais começam a ser buscados, para atrair engajamento e entrar nesse círculo vicioso.”
Embora não haja um sofrimento evidente nesses vídeos virais com animais silvestres criados como pets, ele avalia que há outros danos não mostrados.
“No caso da jaguatirica, que vimos recentemente, a questão nutricional estava muito abalada. Isso é recorrente. O animal, quando não está em vida livre, quando não está naquele nicho em que a espécie está adaptada, tem todo o sistema imunológico modificado. Quantidade de hormônios, de stress, tudo fica mais elevado.”
Carvalho diz que a crítica recorrente ao Ibama acontece porque, à primeira vista, parece que estão tirando um animal doméstico de quem está cuidando, algo distante da realidade. “Os servidores, via de regra, dão a vida para resgatar esses animais.”
O YouTube, em nota, disse que as diretrizes da comunidade “proíbem estritamente vídeos com maus-tratos a animais.”
“É importante ressaltar que vídeos que violam essas diretrizes não são elegíveis para monetização. Se identificarmos uma violação, o vídeo é removido e o canal pode sofrer penalidades, incluindo a desativação da monetização. Investimos continuamente em tecnologia e equipes para aplicar essas políticas globalmente. Encorajamos nossa comunidade a denunciar qualquer conteúdo suspeito, e todas as denúncias são analisadas”, diz a plataforma. Via BBC BRASIL
Ana Autoestima é uma personagem virtual criada para falar de sexo sem tabus com moradoras de favelas. Na foto, algumas mulheres por trás do projeto: Evelyn dos Santos (segurando uma vulva de pelúcia usada com fins educativos); a pedagoga Tayana Leôncio (dir.) e a educadora sexual Laura Ramos Tomás (segunda à esq.)
Júlia Dias Carneiro
Do Rio de Janeiro para a BBC News Brasil
Taís colocou sete filhos no mundo, mas só mais tarde passou a conhecer o prazer sexual. Diana não sabia que podia ter prazer sem depender do parceiro – até ganhar um vibrador. Evelyn passou por uma série de relacionamentos abusivos até aprender a identificar que aquelas situações não eram aceitáveis.
Moradoras do Parque Analândia, favela no município de São João de Meriti (RJ), na Baixada Fluminense, essas e outras mulheres da comunidade passaram a trilhar um caminho de descobertas e autoconhecimento já em idades maduras, depois de conhecerem a Ana Autoestima.
Ana, como chamam a “amiga”, é negra, corpulenta e estilosa. Usa óculos de aro preto, brincão, cabelo cheio e um blazer amarelo-manga. Seu rosto simpático está grafitado em um muro colorido no Parque Analândia, ao lado de outras figuras femininas com corpos de diferentes padrões e tons de pele.
No topo do painel, a frase: “Nunca deixe algo ou alguém apagar seu brilho”.
Ana Autoestima é uma personagem virtual criada pela empresa social Tabu Tabu para promover, usando grupos de WhatsApp, a educação sexual, o autoconhecimento e o direito ao prazer entre mulheres de periferias.
A iniciativa busca preencher lacunas ligadas às vulnerabilidades que acompanham a pobreza – como maior exposição a violência urbana e doméstica, falta de acesso a saúde e educaçãode qualidade, além da falta de tempo e recursos para se informar.
De acordo com a educadora sexual Laura Ramos Tomás, cocriadora do projeto, mulheres de periferias em geral não buscam informações sobre sexo no sistema de saúde. Isso porque, quando o fazem, encontram abordagens mais ligadas a contracepção e prevenção de doençasdo que saúde sexual.
Muitas vezes, elas também enfrentam estigma e julgamento.
“Quando procuram postos de saúde, ouvem comentários como ‘toma, leve essas camisinhas porque você já tem muitos filhos’, em vez de abordagens mais adequadas a suas realidades”, afirma Laura.
Espanhola radicada no Rio, Laura conta que teve a ideia para a iniciativa depois de realizar uma roda de conversa sobre sexualidade com adolescentes na favela e ser abordada por uma mulher mais velha.
A mulher disse que aquelas informações seriam importantes para ela também, porque ela não tinha acesso a algo do tipo.
Laura Ramos Tomás (esq.), fala com mulheres da comunidade durante roda de conversa
“Queríamos dialogar com essas mulheres de uma forma que os serviços de saúde não fazem. Então, viemos até onde elas estão, suas comunidades, e usamos o WhatsApp, o aplicativo mais usado no Brasil.”
O projeto começou a ser gestado em 2021 e teve o primeiro grupo de WhatsApp lançado em 2023, com as mulheres do Parque Analândia.
Hoje, a iniciativa está presente em quatro favelas do Rio, somando cerca de 200 participantes.
Também estão sendo desenvolvidos núcleos em novos bairros, chegando às mulheres através do boca a boca e de parcerias com projetos sociais nas comunidades.
Taís dos Reis Motta, mãe, dona de casa e moradora do Parque Analândia, diz que os ensinamentos da personagem ajudaram a aumentar sua autoestima, a gostar mais do seu corpo e a entender que pode dizer “não” para o sexo quando não quer.
Sua vida sexual também melhorou, diz ela.
“Melhorou e muito! Porque eu nem gostava. Eu fazia por fazer. Por uma vida passada que eu tive, eu nem sabia o que era sentir prazer. Você acredita?”, pergunta.
“Eu, com 35 anos, mãe de sete filhos. E não sabia. Foi através daqui [que aprendi]”, disse Taís à reportagem, durante um encontro do projeto.
“[A Ana Autoestima] me ensinou a ter o meu autoconhecimento, explorar o meu corpo. Hoje eu me sinto muito mais feliz do que antes.”
‘Eu nem sabia o que era sentir prazer’, conta Taís Motta. ‘Com 35 anos, mãe de sete filhos e não sabia’
Virtual e presencial
Nos grupos de WhatsApp, Ana Autoestima posta vídeos simples e divertidos para abordar temas variados sem tabu, sempre começando por “oi, amiga!”.
A personagem ensina sobre sexo seguro e prevenção, mas também sobre prazer, consentimento, direitos e autocuidado.
“Já ouviu falar da montanha-russa do prazer?”, questiona um terceiro, descrevendo a potência orgástica feminina como um carrinho que sobe uma montanha-russa e precisa de carga progressiva até chegar ao topo.
A personagem fala em uma voz gerada por inteligência artificial (IA), mas seus roteiros são cuidadosamente elaborados pela equipe por trás da iniciativa.
São 13 mulheres, entre pedagogas, psicólogas, educadoras e comunicadoras, assim como mulheres que contribuem com relatos de suas experiências pessoais.
Além de trocar mensagens no grupo, as participantes podem escrever para Ana “no privado” quando o assunto pede discrição, e recebem respostas elaboradas pela equipe.
Mas o trabalho não é apenas virtual. De tempos em tempos, as participantes – todas mulheres, e já em idade adulta – são convidadas para rodas de conversas com a equipe por trás do projeto.
Os encontros dão espaço a dúvidas, gargalhadas, choro e desabafos.
A BBC News Brasil acompanhou um desses eventos, que reuniu cerca de 15 mulheres em um domingo de sol quente.
Na entrada do Parque Analândia, barricadas de concreto fechavam a rua de acesso à comunidade, demarcando o território controlado pelo Comando Vermelho.
Traficantes com fuzis armavam um ponto de venda de drogas na rua principal, perto da quadra esportiva da comunidade. Na camiseta de um deles, a frase: “Que Deus proteja minhas costas porque o resto eu bato de frente.”
O encontro foi realizado no galpão de uma ONG local, a Há Esperança.
Enquanto um pagode alto tocava na casa vizinha, a equipe organizava cadeiras de plástico brancas em círculo e punha a mesa do lanche – bolo, refrigerante e misto-quente no pão francês.
As mulheres foram chegando, a maioria de shorts, chinelos e blusas sem manga para aplacar o calor.
O tema do dia era autocuidado. O encontro começou com uma meditação conduzida por uma psicóloga e uma conversa sobre a importância de se cuidar.
Todas olhavam atentas enquanto a pedagoga Tayana Leôncio falava sobre o fato de a maioria ali trabalhar em escala 6×1, e sobre seus corpos estarem sempre “na linha de frente”, seja no mercado de trabalho ou nos serviços domésticos.
“O nosso corpo racializado está sempre cuidando do outro, sempre servindo a alguém. Nossas ancestrais também estiveram nesse lugar”, disse Tayana.
“Na nossa geração, é importante a gente resgatar e reverter esse cuidado para a gente, para o nosso corpo”, afirmou, enfatizando a importância de mulheres pretas se olharem no espelho e amarem o que vêem, em uma sociedade que padroniza corpos e não valoriza o biotipo negro.
“A Ana Autoestima fala com mulheres que trabalham de segunda a segunda, 12 horas por dia, e quando chegam em casa ainda têm que cuidar da casa e dos filhos, vivendo em condições de extrema violência social”, diz Tayana à BBC News Brasil.
“Nesse contexto, o autocuidado fica esquecido, ou essa mulher sequer teve oportunidade na vida de pensar a respeito. Porque desde muito nova, sempre esteve envolvida no cuidado com o outro”, ressalta.
Aprender a dizer ‘não’
Evelyn Cristina dos Santos tem 36 anos e acabou de começar um novo emprego como auxiliar de serviços gerais.
A mãe de cinco filhos comemora a carteira de trabalho assinada, mas a rotina é puxada: ela trabalha das 7h às 19h, de segunda a sexta-feira.
Evelyn é uma colaboradora-chave do projeto dentro da comunidade, onde mora desde os dez anos. Ela ajudou a conceber a Ana Autoestima desde o princípio.
Para o projeto dar certo, era essencial que as mulheres se identificassem com a personagem.
Assim, Ana foi criada como uma mulher negra, empoderada e com uma fala acessível, sempre se comunicando por áudio além de textos.
“Sempre tivemos uma preocupação de que ela não falasse apenas por mensagens escritas, porque aqui há muitas idosas e mulheres que não sabem ler”, diz Evelyn.
Moradora do Parque Analândia, Evelyn dos Santos (na foto, com a caçula Elisa) ajudou a desenvolver a personagem Ana Autoestima
Como para outras mulheres da comunidade, a chegada do projeto de educação sexual trouxe mudanças importantes para Evelyn.
“Eu me casei muitas vezes e tive muitos casamentos abusivos, onde sofri muito, apanhei, fui muito traída”, conta a auxiliar de serviços gerais.
“Um deles dizia que minhas roupas marcavam o corpo, eram indecentes, que eu não devia usar brinco, batom”, lembra ela.
“Quando eu conheci a Ana, entendi que a gente não está sendo vulgar nem querendo chamar atenção, mas sim se valorizando, né? Se mantendo viva, feliz consigo mesma”, afirma.
Na comunidade, diz Evelyn, muitas mulheres são coagidas a fazerem o que não querem.
“A Ana tem um papel muito importante na minha vida, me fez descobrir quem eu sou. E que eu não preciso fazer só aquilo que o meu companheiro quer, eu posso fazer também o que eu quero. Eu posso dizer não.”
Vulva de pelúcia
Na roda de conversas, os ânimos se afloram quando chega a hora de distribuir para as mulheres um kit com camisinhas (masculina e feminina), lubrificante e um pequeno espelho para incentivá-las a conhecer melhor suas anatomias íntimas.
Laura Ramos Tomás leva para o centro da roda uma vulva de pelúcia laranja do tamanho de uma bola de basquete e indica cada parte – os lábios, a entrada do canal vaginal e o clitóris com suas ramificações, ensinando que este é o único órgão do corpo que serve apenas para gerar prazer.
“Eu não sabia que a minha perereca tinha tanta parte, tinha tanta camada!”, diz Taís à BBC News Brasil.
“Eu juro para você. Para mim, era um negócio que eu fazia xixi, menstruava e botava filho para fora. Não, é um negócio complexo…”
A vulva de pelúcia é um de diversos objetos que a equipe usa nas rodas de conversa para “tornar tudo um pouco menos intimidador”, explica Laura.
“Usamos acessórios para quebrar o gelo e ajudá-las a visualizar coisas que podem não ter visto nem ter familiaridade em seus próprios corpos”, conta a educadora sexual.
“Muitas vezes, vemos a imagem de um pênis grafitada em muros, ou crianças o desenham na escola. Mas vulvas são subrepresentadas neste mundo, e vulvas são lindas. Se estamos desenhando pênis, deveria haver o mesmo número de vulvas em nossos muros”, defende.
O evento termina com um sorteio: três vibradores são presenteados às mulheres.
O modelo é cor de rosa claro, no formato de um golfinho. As mulheres caem na risada quando o nome de Diana Alves é anunciado. É a terceira vez que ela ganha um vibrador em sorteios do projeto.
“Eu não sabia que se eu usasse algum brinquedinho, eu ia ter o mesmo prazer que eu tinha com um homem”, conta Diana à BBC News Brasil.
“Após conhecer, eu me interessei e comprei um. Só que o brinquedinho era meio ruinzinho. Aí eu ganhei um da Ana e foi maravilhoso. Aí eu ganhei outro, e o negócio ficou mais intenso. Eu até esqueço que tenho um namorado às vezes”, brinca ela, que tem 33 anos e trabalha como revendedora de revistas.
Ela não guarda segredo com o namorado, e contou a ele: “Arrumei um brinquedinho que faz tudo que você faz. Só não engravida e não me traz doença nenhuma.”
Diana Alves teve sorte em sorteios de vibradores realizados pelo projeto
‘Grito de guerra’
O evento termina alegre e animado. Do lado de fora, as mulheres se reúnem em frente ao grafite da personagem Ana Autoestima para uma foto coletiva.
A repórter é designada para tirar o retrato e pergunta, antes de fazer o clique: “Qual é o grito de guerra?”
“Vulva!”, todas gritam em uníssono.
Laura Ramos Tomás afirma que o projeto tem mostrado que quebrar barreiras para falar de sexo tem efeitos que vão muito além das quatro paredes.
“Quando as mulheres envolvidas no projeto praticam o prazer, e entendem que é um direito, isso permite que elas se sintam fortalecidas em outras áreas de suas vidas… E se encorajem para ter uma conversa difícil com o parceiro sobre a carga de trabalho em casa, ou pedir ajuda para escrever um currículo atrás de um emprego, ou se alfabetizar aos 45 anos”, exemplifica.
“O valor do que fazemos é lembrar às mulheres que elas são as mais preparadas e têm o que é preciso para seguir em frente em suas vidas.”
Diversos jornais estrangeiros publicaram nessa semana sobre medidas do governo Trump que parecem mirar em Alexandre de Moraes
Uma possível sanção ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo governo de Donald Trump pode provocar uma ruptura das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e o Brasil, diz reportagem do jornal americano The New York Times (NYT).
“A situação poderia causar uma ruptura diplomática entre as duas maiores nações do Hemisfério Ocidental”, escreveu o correspondente do jornal no Rio de Janeiro, Jack Nicas.
Nas redes sociais, Rubio citou a América Latina como um exemplo de região onde essa censura seria problemática — mas, dessa vez, não citou nominalmente Moraes.
“O Departamento de Estado não informou se o juiz Moraes é alvo da ação. Mas a linguagem do Departamento de Estado se inclina fortemente para as críticas contra ele, incluindo a de que vistos seriam restringidos para autoridades que exijam que empresas de tecnologia americanas removam conteúdo ou ameacem com mandados de prisão residentes nos EUA por coisas que disseram online.”
Ainda de acordo com o jornal americano, a reportagem teve acesso a uma carta que o Departamento de Justiça dos EUA teria enviado nesse mês a Moraes, repreendendo-o por ordenar que a rede social Rumble bloqueasse as contas de um usuário específico.
Mais jornais estrangeiros repercutem suposta ofensiva dos EUA contra Moraes
Na quarta-feira (28), o jornal britânico Financial Times (FT) também associou o anúncio feito por Rubio naquele dia à ofensiva contra Moraes.
“O governo esquerdista do Brasil está travando uma batalha diplomática de última hora para impedir que os EUA imponham sanções a um juiz do Supremo Tribunal Federal que supervisiona um caso no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo processado por acusações de conspiração golpista”, diz reportagem do FT, referindo-se a Moraes.
Os autores do texto e correspondentes no Brasil, Michael Stott e Michael Pooler, afirmam que a movimentação visa evitar uma colisão entre as “duas nações com maior população nas Américas”.
De acordo com a reportagem, o governo americano “está cada vez mais solidário com os argumentos da família de Bolsonaro e dos conservadores brasileiros” de que Jair Bolsonaro seria “vítima de perseguição política”.
O também britânico The Guardian publicou na quarta-feira sobre o plano dos EUA de vetar vistos a autoridades estrangeiras. O título foca no anúncio de Rubio, mas ao longo do texto, o nome de Moraes é citado.
O Guardian lembrou que Rubio já havia sugerido que os EUA poderiam sancionar Moraes, “que batalhou contra o proprietário do X e aliado de Trump, Elon Musk, por suposta desinformação”.
O jornal argentino Clarín também citou Moraes ao noticiar o anúncio de Rubio.
Segundo Paula Lugones, correspondente em Washington, a intenção de bloquear vistos está relacionada a um projeto de parlamentares republicanos chamado “No Censors on our Shores Act” (em tradução livre, “Lei Contra Censores em Nossas Fronteiras”).
A proposta determina a deportação ou a proibição de entrada em território americano de autoridades estrangeiras acusadas de violar a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de expressão.
“A iniciativa foi motivada por uma disputa entre o proprietário do X, Elon Musk, e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, depois que a plataforma de mídia social foi obrigada a remover postagens”, escreveu a correspondente do Clarín na quarta-feira.
A colunista Eunice Rendón, do jornal mexicano El Universal, também relacionou em sua coluna o anúncio feito por Rubio sobre a intenção de restringir vistos à atuação de Moraes.
“A medida está relacionada à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o bloqueio de diversas contas na rede social X (antigo Twitter) por disseminar desinformação e discurso de ódio”, escreveu Rendón.
Secretário-geral do Partido Liberal (PL), o senador Rogério Marinho participou nesta sexta-feira (30) do 2º Seminário de Comunicação da legenda, realizado em Fortaleza (CE). Em seu discurso, logo após a abertura do evento pelo presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, o parlamentar criticou o roubo de aposentados e destacou a importância dos influenciadores digitais no debate em torno do assunto.
“Descobrimos mais um crime hediondo da esquerda contra a população brasileira. Descobrimos que durante mais de 30 anos, estão roubando dinheiro dos aposentados brasileiros”, disse o senador. Em seguida, Rogério Marinho enfatizou a importância de cada brasileiro cobrar esclarecimentos em torno do escândalo, mais um registrado em governos do PT.
O parlamentar também ressaltou o trabalho organizacional que vem sendo realizado pelo PL, com destaque para a Academia Brasileira de Política Conservadora, o Rota 22 e o próprio Seminário de Comunicação, que deverá ter outra edição em agosto, no Sudeste do país.
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi responsável pelo discurso de encerramento do Seminário em Fortaleza. Em seu pronunciamento, fez um alerta ao risco de censura que os brasileiros correm nas redes sociais, diante de medidas que estão sendo debatidas pelo governo Lula e o Supremo Tribunal Federal (STF), a exemplo do julgamento marcado para quarta-feira (4), na Suprema Corte, que envolve a constitucionalidade do artigo 19, do Marco Civil da Internet, e pode regular as redes sociais no Brasil.
Na manhã desta sexta-feira (30), o prefeito de Natal, Paulinho Freire, entregou oficialmente ao presidente da Câmara Municipal, vereador Erico Jácome, o Plano Plurianual (PPA) 2026–2029. Batizado de “Pra Frente Natal”, o documento vai nortear as ações e investimentos da gestão pública pelos próximos quatro anos.
Durante a entrega, Erico Jácome destacou a importância do momento e se disse satisfeito em receber o projeto. “Recebo com alegria das mãos do prefeito este plano que representa um compromisso com o futuro de Natal. Agora, caberá aos 29 vereadores se debruçarem sobre o conteúdo e, com responsabilidade, analisarem o que foi proposto para os próximos anos”, afirmou o presidente da Casa.
O PPA “Pra Frente Natal” foi construído de forma participativa, reunindo quase 300 sugestões populares por meio de plenárias presenciais nos bairros, uma conferência municipal e canais digitais. Entre as principais demandas da população estão melhorias em infraestrutura urbana, transporte público, saúde e educação, áreas que concentram a maior parte das propostas.
O prefeito Paulinho Freire também reforçou o caráter democrático da iniciativa. “Estamos construindo um plano moderno e participativo, com base no que os natalenses realmente querem. O objetivo é garantir uma gestão eficiente e focada em resultados concretos para a cidade”, concluiu.
Em parceria com a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e por meio da Escola do Legislativo Profa. Eva Lúcia, a Câmara de Parnamirim deu início, nesta terça-feira (29), ao Curso Básico de Inglês. Ministrado por Rubens Marcolino, com formação na BYU-Pathway e EnglishConnect, o curso é voltado para servidores e colaboradores da Casa.
A capacitação é oferecida por meio do English Connect, programa internacional de ensino da língua inglesa promovido pela congregação, que atende a um público global. A iniciativa tem como objetivo ampliar a proficiência em inglês dos participantes, contribuindo para o desenvolvimento de novas oportunidades de serviço, trabalho e educação.
Antes do início da aula, o presidente da Igreja, Rutém de Oliveira Marcolino, destacou o privilégio de contar com a Câmara como parceira e agradeceu pela oportunidade. Em concordância, o presidente da Casa, Dr. César Maia, reforçou o orgulho e a gratidão pela realização do curso.
A capacitação será realizada de forma on-line e síncrona, com emissão de certificado de 50 horas ao final do primeiro módulo.