Na quarta-feira, donos de bar foram presos na cidade de Orenburg, região dos Urais, acusados de ‘extremismo LGBTQIA+’ e podem enfrentar pena de até 10 anos
A Rússia adicionou o “movimento internacional LGBT” à sua lista de pessoas e entidades “terroristas e extremistas”, de acordo com uma nota do serviço de inteligência financeira do país, acessada pela agência AFP nesta sexta-feira, 22.
A decisão foi anunciada depois que a Suprema Corte declarou o movimento como “extremista”, em novembro, o que provocou a ilegalidade do ativismo LGBTQIA+ no país. Na quarta-feira, 20, as autoridades anunciaram a prisão preventiva dos donos de um bar na cidade de Orenburg, região dos Urais, por “extremismo LGBTQIA+”, e podem enfrentar, agora, uma pena de até dez anos de prisão.
Este foi o primeiro caso criminal deste tipo na Rússia depois da decisão de classificar o movimento como extremista. Eles permanecerão detidos pelo menos até 18 de maio. Segundo a acusação, “durante a investigação, foi descoberto que os acusados, pessoas com uma orientação sexual não tradicional (…) também apoiam as opiniões e atividades da associação pública internacional LGBT, proibida em nosso país”.
Além disso, vários cidadãos russos foram multados nas últimas semanas por publicarem fotos com bandeiras arco-íris ou, como no caso de duas mulheres, por divulgarem na internet um vídeo delas se beijando.
O presidente Vladimir Putin, recém-reeleito para um novo mandato de seis anos, defende “a família” e a religião, contra um Ocidente “decadente” e até mesmo “satânico”. Desde o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022, as autoridades russas têm reprimido simultaneamente, e de forma crescente, as minorias sexuais.
Desde 2013, uma lei na Rússia proíbe “a propaganda” de “relações sexuais não tradicionais” entre menores. A legislação foi ampliada significativamente no final de 2022, para proibir qualquer forma de “propaganda” LGBTQIA+ na mídia, internet, livros e filmes.
Em julho de 2023, os deputados russos votaram uma lei que proíbe as pessoas transgênero de realizarem cirurgias e terapias hormonais./AFP.