Em São Paulo aluno se identifica na escola como cachorro, mas não quer se vacinar contra raivaPor Noticias No Face / 5 de janeiro de 2025 Como eu ia dizendo, antes de ser bruscamente interrompido, o bestiário moderno agora inclui gente que afirma ser bicho.Uma escola de elite paulista, por exemplo, tem um aluno que se acha cachorro.Ele quer ser visto como cão, os seus pais o tratam como tal– quer dizer, como pet, não como cachorro de rua — e querem que a escola também o faça. Virou respeito à diversidade e ação de inclusão. Ele é um therian e não está sozinho.Neste mundo animal do século XXI, que aboliu a existência do inconsciente e das neuroses, jogando no lixo Sigmund Freud e substituindo a psicanálise pelo identitarismo, eis que chegamos a este ponto: o dos “therians”.A explicação é rasteira, mas suficiente nas superfícies em que nos comprazemos em viver: se você tem uma conexão tão grande com uma espécie animal, a ponto de sentir que você pertence a ela e apenas está preso dentro de um corpo humano, você é um “therian”.Há therians cachorros, como o menino da escola paulista, therians gatos, therians lobos (mas não guarás), therians raposas e por aí vai, mas sempre no universo dos bichos com o discreto charme da burguesia. Aparentemente, não há therians gambás, tamanduás ou lêmures. Ou therians insetos, como baratas, pulgas ou percevejos.