Homem tenta na justiça tirar tumor e evitar 18 doses de morfina por diaPor Noticias No Face / 8 de agosto de 2023 Ele luta na Justiça para tirar tumor gigante: ’18 doses de morfina por dia’José tenta retirar um tumor gigante que ocupa quase metade de seu rosto Imagem: Arquivo pessoal José Nilton Cardozo, 65, tenta desde março retirar um tumor gigante que ocupa quase metade de seu rosto. Agora, após meses de batalha na Justiça do Rio Grande do Norte, a expectativa é de que o marceneiro faça a cirurgia ainda esta semana.A filha dele, a advogada Mirnari Cardozo, decidiu entrar com a ação para conseguir o tratamento do pai. Apesar de ser benigno, o tumor de José causa dor intensa, que o deixou incapaz de trabalhar. Para conseguir ficar acordado, ele tem de tomar 18 doses de morfina ao dia: são 3 comprimidos a cada quatro horas.José convive com tumores desde 2013. O primeiro deles era intracraniano e não chegou a ficar aparente no rosto. Ele teve uma convulsão que o levou ao diagnóstico, mas a doença foi curada com uma cirurgia simples, feita pelo SUS.Continua após a publicidadeEm 2016, ele recebeu um novo diagnóstico, mas demorou a contar para as filhas mais velhas.Ele tinha uma outra família, com filhas menores, e no início não falou para a gente. Mas o tumor começou a crescer e quando se agravou muito ele contou. Quando nós o levamos para o neurocirurgião, já estava irradiando para a face e não tinha mais a chance de retirada total. ”José fez uma segunda cirurgia apenas em 2020, para tirar a porção intracraniana do tumor. Na época, a massa exposta no rosto era discreta e ainda não limitava a vida do marceneiro, que sentia apenas uma leve dormência na região.“Depois ele fez a radioterapia como uma última medida para estacionar o tumor. Após quase um ano sem crescer, ele começou a avançar. O neurologista nos encaminhou a um especialista em cabeça e pescoço, mas três deles disseram que não era caso de cirurgia, porque ela era mais agressiva do que a lesão”, detalha Mirnari.José tem um meningioma: tumor geralmente benigno que atinge as meninges, membranas que revestem o cérebro. Em alguns casos, a situação não causa sintomas que afetam a vida do paciente mas, para ele, o quadro teve uma reviravolta nos últimos cinco meses, quando o tumor aumentou.Continua após a publicidade“Hoje ele não faz nada. Só fica em casa, no quarto, tomando remédio — e sente muita dor, que não passa. Ele está tomando 18 [doses de] morfina por dia. E não tem vaga nos hospitais, ele vai e volta. A sorte é que o organismo dele é muito forte”, diz a filha.José Nilton Cardozo espera por cirurgia no Rio Grande do Norte Imagem: Arquivo Pessoal Segundo a filha, a cirurgia dele está na fila devido à falta de um material necessário para um procedimento pré-operatório.“48 horas antes da cirurgia, ele precisa fazer uma embolização, que vai fechar os vasos do tumor e evitar uma hemorragia durante a cirurgia. A gente tem um hospital referência em câncer, mas falta o material, que é do SUS”, explica Mirnari.Para entrar com um processo, a advogada chegou a fazer um orçamento do procedimento na rede particular — que deu R$ 143 mil.“(Na Justiça) O Estado alegou que a gente queria furar fila, que não era tão urgente. Eu solicitei o bloqueio das verbas públicas para fazermos no particular, porque meu pai não poderia esperar, mas o juiz deu uma liminar, pedindo não o valor total do procedimento, mas o do material: R$ 60 mil”, conta.Um médico do Recife chegou a conseguir uma vaga para que José passasse pela embolização no outro Estado. Mas a viagem, que seria complicada para ele, não deve acontecer: o Hospital Universitário Onofre Lopes, ligado à Federal do Rio Grande do Norte e referência no Estado, informou que o material para o procedimento deve chegar ainda esta semana, segundo a filha.Se tudo correr como esperado, José pode passar pela cirurgia de retirada do tumor no próximo sábado.“Até lá a luta continua para mantê-lo controlado e com a menor dor possível. Ele tem muita ansiedade, além do mal-estar pelos efeitos colaterais da morfina. Nossos esforços não estão sendo em vão”, disse Mirnari.Procurada pelo UOL, a Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte informou que o procedimento cirúrgico “é de responsabilidade do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL)”.“Em contato com o HUOL, a regulação da pasta enviou os dados necessários para a realização da cirurgia, que por sua vez, aguarda o material específico adaptado para o caso, o qual deverá chegar nos próximos dias do Estado do Piauí”, afirmou a nota.
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