Mulher morre ao tirar o DIU

Mulher morre ao tirar DIU: veja tudo o que se sabe sobre o caso
Procedimento foi realizado por um médico cardiologista; clínica foi interditada por irregularidades
Jéssica Marques Vieira, de 32 anos, morreu no último sábado (4) após entrar em um consultório para retirar um dispositivo intrauterino (DIU) em uma clínica em Matozinhos, na região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o boletim de ocorrência, o caso foi registrado como erro médico.
O procedimento foi realizado pelo médico cardiologista Roberto Márcio Martins de Oliveira. O profissional já havia sido denunciado por agressão física contra duas companheiras dele, e por abuso sexual por uma paciente. A reportagem consultou o CRM do médico e constatou que o registro está regular.
Na sexta-feira (10), a Prefeitura de Matozinhos interditou a clínica de Roberto. Agentes de fiscalização encontraram irregularidades e descobriram que a unidade de saúde não estava autorizada a realizar procedimentos ginecológicos.

Entenda o caso

  • No último sábado (4), Jéssica Marques Vieira, de 32 anos, foi até a Clínica Med Center, no centro de Matozinhos, na região metropolitana de BH, para retirar um dispositivo intrauterino (DIU). O pai e o companheiro dela a acompanhavam.
  • O procedimento seria feito por um médico cardiologista e estava marcado para às 7h30. Duas horas depois, por volta das 9h30, ela ainda não tinha saído do consultório.
  • De acordo com o pai, ele percebeu que alguma coisa estava estranha quando viu a recepcionista entrando na sala com duas bolsas de soro e deixando o local assustada. Ao ser questionada, ela disse que não sabia de nada.
  • Sem notícias, o pai percebeu “entra e sai de dentro do consultório”. Foi então que abordou outras duas mulheres a respeito do estado de saúde da filha. Uma delas disse, em baixo tom, que “a situação não tá boa não”.
  • Momentos depois, dois funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade chegaram com um desfibrilador em mãos. Em seguida, a paciente foi levada para a unidade de saúde municipal.
  • Ao ser retirada do consultório para ser levada para a ambulância, o pai disse que Jéssica estava “mais pálida que o normal e com os lábios bem roxos”. Nesse momento, o pai percebeu que a filha já estava sem vida.
  • O pai questionou o médico sobre o estado da filha. Ele teria negado que a jovem estivesse morta e disse que havia feito o procedimento de ressuscitação por 19 vezes.
  • O pai e o companheiro de Jéssica foram até a UPA para acompanhá-la, mas não conseguiram ter notícias. Por volta das 14h30, o rabecão chegou ao local e a morte foi confirmada pelo motorista do veículo que faria a remoção do corpo. 
  • O médico cardiologista, que fez o procedimento, informou o falecimento e disse que o corpo seria levado para o Instituto Médico Legal (IML). O pai quis ver a filha e notou que o corpo já apresentava sinais de rigidez, por isso ele não acreditou que Jéssica tivesse morrido naquele instante. Ele acredita que a morte tenha ocorrido entre as 8h e 9h

Clínica fechada e abuso sexual

  • A reportagem da Itatiaia consultou o CRM do médico e constatou que o registro está regular.
  • Na quinta-feira (9), a Prefeitura de Matozinhos informou que a clínica estava regular e possuía alvará sanitário.
  • Na sexta-feira (10), a prefeitura enviou uma equipe de fiscalização até a clínica. Os agentes verificaram uma série de divergências e irregularidades. O município também encontrou uma contradição nos documentos da instituição e descobriu que a clínica não estava autorizada a realizar procedimentos ginecológicos.
  • A partir das constatações, a prefeitura decidiu interditar a clínica e instaurar um processo administrativo para apuração e regularização dos problemas encontrados.

Médico é investigado por agressão e abuso sexual

  • O médico cardiologista, Roberto Márcio Martins de Oliveira, já foi denunciado por agressão física contra duas companheiras dele, além de ser sido acusado de abuso sexual por uma paciente.
  • A primeira denúncia é de maio de 2016. A esposa do médico, com quem ele tem dois filhos, o acusa de tê-la agredido várias vezes, além de expulsá-la de casa. Segundo o boletim de ocorrência, o médico teria armas em casa e a vítima se sentia ameaçada por ele.
  • Em maio de 2023, a PM foi acionada para atender uma outra mulher, que afirmou ter se relacionado com Roberto nos quatro anos anteriores. No dia, ela teria ido até a casa do médico para “discutir a relação”, já que acreditava que estava sendo traída. Durante a conversa, o homem teria se exaltado, empurrado a vítima na cama e chutado a perna dela.
  • Em setembro deste ano, uma mulher de 42 anos disse que esteve na clínica de Roberto para passar por um ecocardiograma e fazer o risco cirúrgico. Durante a consulta, o médico teria afirmado que precisaria fazer um exame no órgão sexual da mulher.
  • Sem entender o motivo, a paciente autorizou o exame. A mulher afirma ter ouvido comentários de cunho sexual proferidos pelo profissional, que ainda teria “realizado movimentos de vai e vem” com o aparelho usado no exame. A mulher afirmou ter se sentido “violada sexualmente”.

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