O Delegado Agressor de Crianças e a Cultura de Proteção Policial

O Delegado Agressor de Crianças e a Cultura de Proteção Policial [Parte 02]
Em abril de 2022, uma criança chegou à escola atrasada e usando casaco em um dia quente. Em geral, essa criança era bem expansiva, mas nesse dia estava estranha. A professora insistiu para que ele dissesse o que estava acontecendo. Após muitas tentativas, a criança relatou que o padrasto a havia jogado na parede. A professora assustada correu para a coordenação e pediu para que a criança relatasse o que havia acontecido. As professoras agiram bem. Fizeram um bom registro fotográfico, o braço da criança estava todo roxo e um excelente relato na Ficha de notificação compulsória da escola.
Em seguida, ligaram para a mãe. Ela relatou que não era nada demais e que havia visto tudo pelas câmeras. O pai estava viajando e sua esposa achou que era melhor esperar sua volta para fazer o relato.
Ao chegar em Natal/RN, o pai foi ao conselho tutelar e à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Posteriormente, também foi à corregedoria. Pelo que apurei, o Conselho Tutelar fez um bom trabalho e foi até seu limite funcional. Ouviu o pai, a mãe da criança e a babá. Decidiu não ouvir o Delegado Agressor de Crianças. Porém, em determinado dia, o Delegado, de forma truculenta e autoritária, foi até o conselho tutelar, e exigiu ser ouvido. Na minha opinião, temos aí um abuso de autoridade. Já no caso da DCA nunca se dignou nem ao menos a ouvir a professora e a coordenadora que são testemunhas importantes do fato. Minha impressão é que nunca houve interesse da Delegacia investigar o Delegado. Pode até ser meio ridículo esperarmos que o contrário fosse acontecer.
A Corregedoria de Polícia recebeu o caso, no qual há um relato do padrasto afirmando que trancou a criança em um quarto de castigo e, posteriormente, apenas a empurrou contra a cama. Eu iria dizer que se estivéssemos em um país sério o caso já estaria encerrado. Contudo, é injusto. Durante meu trabalho, conversei com Daniela Zeponi, psicóloga jurídica e especialista em abuso de crianças do instituto HEPIM. Ela ficou horrorizada com a condução do caso no RN. Segundo ela, no Paraná a proteção às crianças está em um estágio muito mais evoluído do que no nosso estado. Portanto, reformulando minha afirmação inicial: “Se estivéssemos em um estado sério, o caso já estaria resolvido!”. Alguém acha normal trancar uma criança dentro de um quarto como castigo ou apenas empurrá-la de forma que ela ficou com o braço todo roxo? Isso representa a banalização da violência. É bizarro, é nojento. É vergonhoso! VIA BLOG DO CA

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